segunda-feira, 6 de maio de 2013

MARIA ANGULA (Conto Popular)

Maria Angula era uma menina alegre e viva, filha de um fazendeiro de Cayambe.
Era louca por uma fofoca e vivia fazendo intrigas com os amigos para joga-los uns contra os outros. Por isso tinha fama de leva-e-traz, linguaruda, e era chamada de moleca fofoqueira.
Assim viveu Maria Angula até os dezesseis anos, decidida a armar confusão entre os vizinhos, sem ter tempo para aprender a cuidar e a preparar pratos saborosos.
Quando Maria Angula se casou, começaram os seus problemas. No primeiro dia, o marido pediu-lhe que fizesse uma sopa de pão com miúdos, mas ela não tinha a menor ideia de como prepará-la.
Queimando as mãos com uma mecha embebida em gordura, acendeu o carvão e levou até o fogo um caldeirão com água, sal e colorau, mas não conseguiu sair disso: não fazia ideia de como continuar.
Maria lembrou-se então de que na casa vizinha morava dona Mereces, cozinheira de mão-cheia, e, sem pensar duas vezes, correu até lá.
- Minha cara vizinha, por acaso a senhora sabe fazer sopa de pão com miúdos?
- Claro dona Maria. É assim: primeiro coloca-se o pão de molho em uma xícara de leite, depois se despeja este pão no caldo e, antes que ferva, acrescentam-se os miúdos.
- Só isso?
- Só, vizinha.
- Ah - disse Maria Angula -, mas isso eu já sabia!
E voou para sua cozinha a fim de não esquecer a receita.
No dia seguinte, como o marido lhe pediu que fizesse um ensopado de batatas com toicinho, a história se repetiu:
- Dona Mercedes, a senhora sabe como se faz o ensopado de batas com toicinho?
E como da outra vez, tão logo a sua boca amiga lhe deu todas as explicações, Maria Angula exclamou:
- Ah!É só? Mas isso eu já sabia! – E correu imediatamente para casa a fim de prepará-lo. Como isso acontecia todas as manhãs, dona Mercedes acabou se enfezando. Maria Angula vinha sempre com a mesma história: “Ah, é assim que se faz o arroz com carneiro? Mas isso eu já sabia! Ah é assim que se prepara a dobradinha? Mas isso eu já sabia!”. Por isso a mulher decidiu dar-lhe uma lição e, no dia seguinte...
- Dona Mercedinha!
-O que deseja, dona Maria?
- Nada, querida, só que meu marido quer comer no jantar um caldo de tripas e bucho e eu...
-Ah, mas isso é fácil demais! –disse dona Mercedes. E antes que Maria Angula a interrompesse continuou:
- Veja: vá ao cemitério levando um facão bem afiado. Depois espere chegar o último defunto do dia e, sem que ninguém a veja, retire as tripas e o estômago dele. Ao chegar em casa, lave-os muitos bem e cozinhe-os com água, sal e cebolas. Depois de ferver uns dez minutos, acrescente alguns grãos de amendoim e está pronto. É o prato mais saboroso que existe.
- Ah! – disse como sempre Maria Angula. – É só isso? Mas isso eu já sabia!
E, num piscar de olhos, estava ela no cemitério, esperando pela chegada do defunto mais fresquinho. Quando já não havia ninguém por perto, dirigiu-se em silêncio à tumba escolhida Tirou terra que cobria o caixão, levantou a tampa e...Ali estava o pavoroso semblante de defunto! Teve ímpetos de fugir, mas o próprio medo a deteve ali. Tremendo dos pés à cabeça, pegou o facão e cravou-o uma, duas, três vezes na barriga do finado e, com desespero, arrancou-lhe as tripas e o estômago. Então voltou correndo para casa. Logo que, conseguiu recuperar a calma, preparou a janta macabra que, sem saber, o marido comeu lambendo-se os beiços.
Nessa mesma noite, enquanto Maria Angula e o marido dormiam, escutaram-se uns gemidos nas redondezas. Ela acordou sobressaltada. O vento zumbia misteriosamente nas janelas, sacudindo-as, e de fora vinham uns ruídos muito estranhos, de meter medo a qualquer um.
De súbito, Maria Angula começou a ouvir um rangido nas escadas. Eram os passos de alguém que subia em direção ao seu quarto, com um andar dificultoso e retumbante, e que se deteve diante da porta. Fez-se um minuto eterno de silêncio e logo depois Maria Angula viu o resplendor fosforescente de um fantasma. Um grito surdo e prolongado paralisou-a.
- Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura.
Maria Angula sentou-se na cama, horrorizada e, com os olhos esbugalhados de tanto medo, viu a porta se abrir, empurrada lentamente por essa figura luminosa e descarnada. A mulher perdeu a fala. Ali, diante dela, estava o defunto. Que avançava mostrando-lhe o seu semblante rígido e o seu ventre esvaziado.
- Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Aterrorizada, escondeu-se debaixo das cobertas para não vê-lo, mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas e arrastarem-na gritando:
- Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Quando Manuel acordou, não encontrou mais a esposa e, muito embora tenha procurado por ela em toda parte. Jamais soube do seu paradeiro.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Conto popular: O Coelho e o Baobá


Essa história que eu vou contar para vocês aconteceu a muitos e muitos anos atrás perto de um baobá pra quem não sabe baobás são árvores africanas gigantes.
Certo dia um coelho estava irritado de tanto ouvir a sua esposa reclamar:

- Por que você não presta você não me ama, não pensa em mim, olhe essa casa é muito pequena precisamos de uma casa maior.

Ele coitadinho, ouvia tudo quieto, foi ouvindo, foi ouvindo, até que de repente se encheu de tanta falação e saiu correndo, correu, correu por entre o campo, para bem longe, após muito correr se deitou no gramado para curtir o silêncio, mas naquele dia o sol da África parecia ainda mais quente e seu lindo pelo branco começou a arder:
- Meu Deus eu preciso de sombra, estou queimando, queimando.
Olhou para todos os lados e não encontrou nada, mas avistou lá na frente um lindo baobá que lhe pareceu refrescante, não pensou duas vezes e saiu em disparada, correu, correu, até chegar à sombra que ele oferecia. Deitou de barriga para cima e ficou repousando:

- Ufa, ai que sombra mais gostosa.
O baobá como não era acostumado a receber elogios, pois passava grande parte do tempo sozinho. Balançou os seus galhos e suas folhas em gratidão, produzindo um vento bem gostoso.

-Hullllllll...
O coelho então falou:

- Nossa baobá que maravilha você consegue fazer, o seu vento é ótimo.

Ao ouvir o segundo elogio ele deixou cair um dos seus frutos, que continha dentro um delicioso néctar. O coelho olhou para o fruto, agarrou com as duas patas e começou a se deliciar com o mesmo.
- Nham, nham que delícia seu fruto baobá, é o fruto mais gostoso que eu já saboreei.

Nesse momento baobá foi tomado pela emoção, suas cascas começaram a se romper e seu tronco começou a se abrir, foi abrindo, abrindo ele mostrou o seu coração, e toda a riqueza que havia ali dentro, joias, colares e anéis preciosos. Foi difícil fazer isso, mas o coelho se mostrou tão terno, tão amigo que ele não resistiu.  O coelho quando viu tudo aquilo se sentiu muito honrado e falou:
- Nossa baobá, eu não sabia que dentro de ti havia riquezas, elas são para mim?

Ele balançou os seus galhos e uma leve brisa tocou o rosto do coelho:

- Muito obrigado, bela árvore, jamais vou te esquecer.

Pegou algumas joias, segurou as na mão e pensou:
- Com isso eu posso fugir para bem longe e ser feliz, mas espera e a minha coelha, eu sei que ela grita comigo, que ela só reclama, mas ela é tão linda, e eu a amo.  Já sei vou levar isso de presente para ela.

Neste momento ele seguiu em disparada rumo a sua toca, os animais o viam correndo, com aquelas joias e perguntavam:
- Nossa coelho, aonde você conseguiu isso?

Ele apenas respondia:
- Ganhei de um amigo, por uma gentileza que eu fiz.
E assim foi durante todo o caminho, por onde ele passava lhe perguntavam sobre o que estava carregando. Chegando a sua toca ele entregou as joias para sua esposa e disse:

-Olha só meu amor são para você.
Ela é claro, ficou encantada e mais que depressa, enfeitou-se toda com o brilho dos anéis e colares e saiu para se exibir as suas amigas. A primeira que ela encontrou foi à hiena, que tomada pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão brilhantes. A coelha disse que não sabia, pois havia ganhado de seu marido. A hiena não perdeu tempo e foi falar com o coelho e ele lhe contou o que havia acontecido. No dia seguinte, exatamente ao meio-dia que é quando o sol fica mais forte, corria a hiena pelo campo, repetindo passo a passo o que o coelho fez, se jogou no chão, reclamou do sol e foi se rastejando até o baobá, chegando lá falou:

- Nossa baobá que sombra boa.

Ele então balançou os seus galhos em gratidão.
- Nossa que sede eu estou sentindo.

Baobá deixou cair um fruto, a hiena pegou com as duas patas, abriu, fez uma cara feia, fez de conta que comeu jogou fora e falou:
- Baobá me mostre o seu coração.

Como no dia anterior tinha acontecido o mesmo com o coelho, ele estava se sentindo confiante e mais generoso, lentamente foi abrindo o seu tronco, foi abrindo bem devagarinho, saboreando cada minuto da entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com as suas garras no tronco de baobá gritando:

- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar, ande, eu quero esse tesouro para mim, eu quero tudo entendeu.
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu. A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro, mal sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte. Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu, a ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

As histórias nunca terão um fim...Quem conta um conto aumenta um ponto...

"Espero que vocês saiam e deixem que as histórias lhes aconteçam, que vocês as elaborem, que as reguem com seu sangue, suas lágrimas e seu riso até que elas floresçam, até que você mesma esteja em flor. Então, você será capaz de ver os bálsamos que elas criam, bem como onde e quando aplicá-los. Esta é a missão, a única missão."

Clarissa Pínkola Estés - Mulheres que Correm com os Lobos

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Sugestão de História Cantada...By Clara Haddad

Minhoca, Minhoca
 
Minhoca, minhoca faz um buraquinho...2x
Pula minhoca, mole minhoca, bem de vagarinho;
Minhoca tava passeando pela jaula do leão,
O leão tava olhando e pegou ela com a mão:
- Aiiiiiiii Jesus, socorro...
- Minhoquinha bonitinha eu vou papar você!
- Se você vai me papar, deixa ao menos eu me pintar...
- Vejam só que sorte eu tenho, vejam só que sorte a minha...
Vou comer uma minhoca bem bonita e pintadinha!
O leão tirou a mão e a minhoca então fugiu, o leão é um bobão e a minhoca dele riu...
Hahahahahahahahahahahahahaha.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Gostaríamos de agradecer a todas as Escolas e Centros de Educação Infantil do nosso Município, por mais um ano de grandes histórias, de contos e encantos...
E é claro que não poderíamos deixar de agradecer aos motoristas, a todo o pessoal da Secretaria Municipal de Educação e Equipe do Jornal A Semana.
Somos imensamente gratas por tudo que fizeram pelo Lá Vem História neste ano de 2012.
 
Obrigada por terem nos recebido sempre com alegria, por incentivarem o nosso trabalho e acreditarem no nosso projeto ...
Que Deus os abençoe...
 
 
E se preparem que em 2013 teremos novas histórias!!!
 Histórias surpreendentes e arrepiantes!!!!
 
"A maior aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro (...)"

(Augusto Cury)
 
Beijinhos Lá Vem História
 
 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

III Seminário Regional de Educação Inclusiva: Direito à diversidade

Foi realizado nos dias 19, 20, 21, 22 e 23 de Novembro o III Seminário Regional de Educação Inclusiva, do Município de Curitibanos - SC
 Neste seminário o Lá Vem História se fez presente no dia 19, 21 e 23.
No dia 19 fizemos a abertura do evento, contando história com a aluna do 8°ano Suelen Oliveira dos Santos, do Núcleo Municipal Getúlio Vargas.
Suelen é deficiente visual e seu maior sonho é ser uma contadora de história; Para que pudéssemos contar uma história juntas, tivemos que realizar um grande trabalho em grupo, o qual envolveu a Professora do A.E.E Viviane Buzinski, as Contadoras Samantha Reinaldi, Francieli da Silva e o Professor de natação André Matheus Ribeiro.
 Primeiro as contadoras fizeram juntamente com a aluna a escolha da história, que foi: O Patinho feio, ela foi reescrita e a partir daí começaram os ensaios.
  Havia um momento na história em que a aluna precisava fazer o movimento de nadar e como percebemos que ela não conseguia realizá-lo, perguntamos:
- Suelen, alguma vez você foi até um lago, rio ou piscina?
Ela respondeu:
- Não!
- Você sabe o que é nadar?
- Não!
Neste instante nós nos calamos, enchemos os olhos de lágrimas e decidimos que antes de continuar este trabalho, tínhamos que levá-la nadar.
E assim aconteceu, nós a levamos até um clube de nossa cidade, onde fomos prontamente atendidas pelo Professor de natação André, que lhe proporcionou momentos inesquecíveis e ensinou a mesma a fazer os movimentos da natação.



Após esta aula nós recomeçamos os ensaios e no dia 19 de novembro fizemos a nossa 1° Contação com uma aluna Deficiente Visual, foi mágico e emocionante, a platéia não esperava a surpresa pois a mesma saiu de dentro de um ovo que estava no auditório, surpreendendo todos.

Esta história nos ensinou muitas coisas, temos certeza que Deus estava do nosso lado auxiliando e sussurrando: - Vai lá vocês conseguem!


Suelen durante a história

 E nós conseguimos SIM e aprendemos muito com esse desafio...

 E mais uma vez a história consegue unir pessoas e tocar corações.

História do Grufalo com a fonoaudióloga do nosso Município, dia 23.

Equipe da Secretaria Municipal de
Educação
Obrigada a todos que nos ajudaram e auxiliaram para que este sonho se tornasse realidade.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Encerramento da Gincana de Leitura e Escrita do Programa Jornal A Semana na Escola"

Foi realizado durante os meses de Outubro, Novembro e Dezembro, o encerramento da Gincana de Leitura e Escrita do Programa Jornal A Semana na Escola, os alunos e professores das Escolas e Centros Municipais de Educação Infantil foram contemplados com Contação de História do Lá Vem História, Percussão corporal, cantigas de roda e brincadeiras cantadas com os músicos da A.T.G (Associação Tânia Gaboardi). Parabéns a todos os envolvidos neste Projeto!
 Queremos deixar aqui um agradeçimento especial a Kátia Zílio, que é a orientadora do programa e ao Hélio Westphal Diretor do mesmo, por terem acreditado em nosso trabalho e competência.

Obrigada!