Essa história que eu vou contar para vocês aconteceu a
muitos e muitos anos atrás perto de um baobá pra quem não sabe baobás são árvores
africanas gigantes.
Certo dia um coelho
estava irritado de tanto ouvir a sua esposa reclamar:- Por que você não presta você não me ama, não pensa em mim, olhe essa casa é muito pequena precisamos de uma casa maior.
Ele coitadinho, ouvia tudo quieto, foi ouvindo, foi ouvindo,
até que de repente se encheu de tanta falação e saiu correndo, correu, correu
por entre o campo, para bem longe, após muito correr se deitou no gramado para
curtir o silêncio, mas naquele dia o sol da África parecia ainda mais quente e seu
lindo pelo branco começou a arder:
- Meu Deus eu preciso de sombra, estou queimando, queimando.
Olhou para todos os lados e não encontrou nada, mas avistou
lá na frente um lindo baobá que lhe pareceu refrescante, não pensou duas vezes
e saiu em disparada, correu, correu, até chegar à sombra que ele oferecia. Deitou
de barriga para cima e ficou repousando:
- Ufa, ai que sombra mais gostosa.
O baobá como não era acostumado a receber elogios, pois
passava grande parte do tempo sozinho. Balançou os seus galhos e suas folhas em
gratidão, produzindo um vento bem gostoso.
-Hullllllll...
O coelho então falou:- Nossa baobá que maravilha você consegue fazer, o seu vento é ótimo.
Ao ouvir o segundo elogio ele deixou cair um dos seus
frutos, que continha dentro um delicioso néctar. O coelho olhou para o fruto, agarrou com as duas patas e
começou a se deliciar com o mesmo.
- Nham, nham que delícia seu fruto baobá, é o fruto mais gostoso
que eu já saboreei.
Nesse momento baobá foi tomado pela emoção, suas cascas
começaram a se romper e seu tronco começou a se abrir, foi abrindo, abrindo ele
mostrou o seu coração, e toda a riqueza que havia ali dentro, joias, colares e
anéis preciosos. Foi difícil fazer isso, mas o coelho se mostrou tão terno, tão
amigo que ele não resistiu. O coelho
quando viu tudo aquilo se sentiu muito honrado e falou:
- Nossa baobá, eu não sabia que dentro de ti havia riquezas,
elas são para mim?Ele balançou os seus galhos e uma leve brisa tocou o rosto do coelho:
- Muito obrigado, bela árvore, jamais vou te esquecer.
Pegou algumas joias, segurou as na mão e pensou:
- Com isso eu posso fugir para bem longe e ser feliz, mas
espera e a minha coelha, eu sei que ela grita comigo, que ela só reclama, mas
ela é tão linda, e eu a amo. Já sei vou
levar isso de presente para ela.
Neste momento ele seguiu em disparada rumo a sua toca, os
animais o viam correndo, com aquelas joias e perguntavam:
- Nossa coelho, aonde você conseguiu isso?
Ele apenas respondia:
- Ganhei de um amigo, por uma gentileza
que eu fiz.
E assim foi durante todo o caminho, por onde ele passava lhe
perguntavam sobre o que estava carregando. Chegando a sua toca ele entregou as
joias para sua esposa e disse:
-Olha só meu amor são para você.
Ela é claro, ficou encantada e mais que depressa,
enfeitou-se toda com o brilho dos anéis e colares e saiu para se exibir as suas
amigas. A primeira que ela encontrou foi à hiena, que tomada pela inveja, quis
logo saber onde ela havia conseguido joias tão brilhantes. A coelha disse que
não sabia, pois havia ganhado de seu marido. A hiena não perdeu tempo e foi
falar com o coelho e ele lhe contou o que havia acontecido. No dia seguinte, exatamente ao meio-dia que é quando o sol
fica mais forte, corria a hiena pelo campo, repetindo passo a passo o que o
coelho fez, se jogou no chão, reclamou do sol e foi se rastejando até o baobá,
chegando lá falou:- Nossa baobá que sombra boa.
Ele então balançou os seus galhos em gratidão.
- Nossa que sede eu estou sentindo.
Baobá deixou cair um fruto, a hiena pegou com as duas patas,
abriu, fez uma cara feia, fez de conta que comeu jogou fora e falou:
- Baobá me mostre o seu coração.Como no dia anterior tinha acontecido o mesmo com o coelho, ele estava se sentindo confiante e mais generoso, lentamente foi abrindo o seu tronco, foi abrindo bem devagarinho, saboreando cada minuto da entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com as suas garras no tronco de baobá gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar, ande, eu
quero esse tesouro para mim, eu quero tudo entendeu.
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco,
deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia.
E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu. A partir desse dia
é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos,
pensando encontrar ali algum tesouro, mal sabe ela que esse tesouro só existe
enquanto o coração é vivo e bate forte. Quanto ao baobá, nunca mais ele se
abriu, a ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável.
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